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Dave Douglas/ Joey Baron
16 Abril 2023

Dave Douglas/ Joey Baron
Concerto de encerramento de um curto périplo pelo país, o Duo de Dave Douglas com Joey Baron ofereceu-nos uma música despretensiosa e bonita, mesmo se rude, até pela formação: apenas trompete e bateria.
Perturbado no início pela intervenção de um idiota na assembleia (e essa perturbação perdurou algum tempo), o concerto acabou por se revelar um intimista encontro de amigos, e nós estávamos convidados a assistir.
Um concerto de Jazz, ao contrário do que vaticinaram alguns escribas da nossa praça, não um concerto de “improvisação livre”: Dave Douglas sabe que, na interpretação de temas, na sua existência, e na sua reescrita (e improviso), reside uma das virtudes do Jazz, na sua orexia voraz pelas outras músicas - de que os standards ocuparam, na sua história, papel marcante.      
Cole Porter, mas também Sonny Rollins e Thelonious Monk estão entre os compositores que reconheci, mas esses argumentos estiveram quase sempre dissimulados, por entre os férteis devaneios, que a própria formação inarmónica de trompete e bateria condicionava.
Simplesmente, sem pretensões, Jazz incontroverso, intimista, crespo mas saboroso, como só dois grandes músicos (e uma nota para a sublime bateria de Joey Baron – como um piano!) são capazes!  

Nota 1. Foi um agradável regresso aos concertos de Jazz da Culturgest – assim eles se repitam.

Nota 2. E, por favor, deixem de chatear o Dave Douglas com o John Zorn: Douglas já era um músico reconhecido quando Zorn o convidou para integrar os Masada (que tocaram em Lisboa nos anos 90), e por isso mesmo; e essa colaboração, ao longo dos mais de 30 anos seguintes, foi exígua e completamente ocasional. E Douglas é um instrumentista, um compositor, um criador (e líder e editor), enfim um músico, com um papel na História do Jazz e da música das últimas décadas, de uma estatura que supera em muito a do mediático Zorn; mas isso é apenas a minha pouco modesta opinião.